Programa de Pós-Graduação em Matemática
(I) Origem do Departamento de Matemática
A origem do atual Departamento de Matemática remonta a 1895, com a criação no Recife da Escola de Engenharia. A partir dessa data, nessa escola, o ensino da Matemática passa a ser rigoroso e sistemático. O Professor Luiz Freire foi o principal responsável pela fundação e criação do Instituto de Física e Matemática do Nordeste, justamente na então Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco.
A fundação do Instituto de Física e Matemática – IFM foi promovida pelo Professor Luiz Freire, em 1954, perante o CONSELHO NACIONAL DE PESQUISAS (atual CNPq), que o adotou, obtendo em seguida do CONSELHO UNIVERSITÁRIO da UNIVERSIDADE DO RECIFE, a respectiva chancela.
O IFM foi fundado através de ato do então Reitor Professor Joaquim Inácio de Almeida Amazonas. Inicialmente o Instituto congregou, além do Professor Luiz Freire, os Professores Manuel Augusto Zaluar Nunes, Alfredo Pereira Gomes, Newton da Silva Maia, Jônio Pereira de Lemos e Manfredo Perdigão do Carmo. Posteriormente, a Divisão de Matemática do Instituto foi acrescida pelos estrangeiros Professores Ruy Luiz Gomes e José Cardoso Morgado Jr., além dos seguintes Professores da Universidade: Roberto Ramalho de Azevedo, Theophilo Benedicto de Vasconcellos, Rivaldo Alves Correia, Reginaldo Lourenço da Silva, Fernando Antonio Figueiredo Cardoso da Silva, Wolmer Verçosa de Vasconcelos e Deise Ferreira Vanderlei. O Instituto era então composto por duas Divisões: uma de Física e outra de Matemática.
As atividades do IFM tiveram lugar a partir de setembro de 1954, com um curso ministrado em nove lições (duplas) pelo notável matemático francês Arnaud Denjoy, da Sorbonne, sobre “Teoria das funções de variável real”. Foi esse curso antecedido por uma série de lições preparatórias ao mesmo ministradas pelo Professor Alfredo Pereira Gomes que assim iniciou a sua atividade no IFM. Seguiram-se cursos sobre: Álgebra Linear e Multilinear; Seminário sobre Espaços Métricos Completos; Seminário sobre Complementos de Topologia Geral e Seminário sobre Espaços de Banach. Em agosto de 1956, o Professor Roger Godement, da Faculdade de Ciências da Universidade de Paris, realizou um curso sobre Variedades Diferenciáveis e Análise Harmônica, Seminário sobre Teoria da Integração, Seminários sobre Grupos Topológicos e sobre Variedades Diferenciáveis e curso sobre Teoria das Distribuições. Ocorreram também curso do Professor François Bruhat, da Universidade de Nancy, em 1957, sobre Álgebras de Lie e Grupos de Lie, curso do Professor Leopoldo Nachbin do IMPA sobre Integral de Haar, curso sobre Álgebra Moderna, curso sobre Análise Funcional. Curso do Professor Hugo Ribeiro da Universidade de Lincoln (Nebraska, EUA) sobre Grupos Abelianos e sobre Teoria dos Modelos, e cursos sobre Probabilidades e Estatísticas Matemática. Infelizmente, razões de várias ordens não permitiram a realização do plano então traçado, no que se referia à Física experimental, e só em 1961, entrou em fase de exercício iniciado sob a orientação do Professor Carlo Borghi, da Universidade de Milão. Antes tiveram tão somente lugar as atividades de Física teórica e de Matemática pura, contando aliás este último setor com uma equipe de professores e auxiliares, o que não aconteceu com o outro setor que dispôs apenas de um único professor e de nenhuma aparelhagem experimental.
As publicações do setor de Matemática, já em número de sete, foram solicitadas por universidades e centros científicos da Europa, Ásia, e Américas. Só em 1960 o número desses pedidos ascendeu a uma centena.
Das mais expressivas provas dessa projeção já internacional do IFM, é o seguinte fato: o grande matemático Francês Jean Dieudonné, um dos reformadores da Análise Matemática atual pertencentes ao célebre “grupo Bourbaki”, que promoveu essa reforma, ainda em andamento, no seu curso deste ano, de 1961, no Instituto de Matemática de Buenos Aires, dentre a bibliografia por ele indicada para o referido curso, incluem-se três das publicações do IFM da Universidade do Recife. Daí ter o Instituto de Matemática de Buenos Aires pedido ao do Recife, com urgência, quinze das referidas publicações.
A primeira publicação de Física, do IFM, aparecerá ainda neste primeiro semestre de 1961. Será um trabalho de Física Matemática intitulado “Bases para uma axiomática da Termodinâmica” da autoria do Professor Luiz Freire.
OS PORTUGUESES
A criação da Universidade do Recife, em 1946, deu-se pela reunião das principais faculdades à época: Faculdade de Direito (fundada em 1827, a mais antiga do país, juntamente com a de São Paulo, ainda como consequência da presença da corte portuguesa (D. João VI), no Brasil, a partir de 1806), a Faculdade de Engenharia, fundada em 1895, onde passaram vários expoentes das chamadas Ciências Exatas, àquele tempo, como: João Holmes, Joaquim Cardozo, Newton Maia, Luís Freire; Faculdade de Medicina, e fundada no começo do século XX, em 1915, a Faculdade de Química.
Nesse contexto, as primeiras gerações de Físicos e Matemáticos recifenses (pernambucanos e nordestinos domiciliados no Recife) eram encaminhados, ainda jovens, para o sul do país onde completavam sua formação; por exemplo: José Leite Lopes, Mário Schenberg, Leopoldo Nachbin, Samuel McDowell, Ricardo Palmeira, etc, seguiram esse caminho. O contexto da época estava sob terrível força de desinformação científica em meio a uma pretensa cultura local “détachée” dos cânones corretos que se impunham, havia tempo, no campo das ciências exatas. Contexto de uma grande massa desinformada, com pontos isolados de treinamento científico autodidático e semi-amadorístico.
Em meio a esta deliciosa mistura subequatorial de pretensão e desinformação, aportou um time português de excelência que exerceu um grande impacto na Matemática, Física e, mais geralmente, nas Ciências Exatas, no Recife. A convite do ainda primeiro Reitor da Universidade do Recife, chegam em 1953, os professores Alfredo Pereira Gomes e Manuel Zaluar Nunes, para ensinar na Faculdade de Engenharia e no Departamento de Matemática da recém criada Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras.
Imediatamente após, em 1954 é criado o Instituto de Física e Matemática, para que fossem desenvolvidas atividades de Matemática e de Física extracurriculares, a fim de aperfeiçoar e atualizar a formação científica de licenciados e assistentes. Seu primeiro Diretor foi Luis Freire e a Seção de Matemática era composta pelos Professores Pereira Gomes, Zaluar Nunes e Newton Maia (lembremos que o IMPA, no Rio de Janeiro, foi criado em 1952 e o próprio CNPq, importante agência de fomento, em 1951). O IFM passou a contar com o apoio do CNPq, que fez a primeira doação para a Biblioteca cujo Coordenador era o Professor Zaluar.
Como já foi dito, vários matemáticos (sobretudo franceses) visitaram o IFM nos primeiros anos, a convite de Pereira Gomes, a exemplo de: Arnaud Denjoy, Roger Godement, François Bruhat. Eles deixaram redigidos os resumos de suas lições sobre Variedades Diferenciais, Álgebras e Grupos de Lie, respectivamente, que foram publicados numa Coleção, chamada de “Textos de Matemática”, inaugurada por Pereira Gomes em 1955 com o seu curso de Álgebra Linear e Multilinear. A esses volumes sucederam outros como “Diferentiable Manifolds” e “Complex Manifolds” de S.S. Chern, Integral de Haar de Leopoldo Nachbin, depois ampliados e publicados como livros por grandes editoras. Laurent Schwartz e François Trèves também passaram pelo Recife.
Em 1960, é contratado pela UFPE o Professor José Cardoso Morgado Júnior, que teve, por 14 anos, uma atuação destacada no Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e, sobretudo, no IFM, tendo sido o orientador, no Programa de Iniciação Científica, de Wolmer Vasconcelos (Professor da Rutgers University, EUA) e Aron Simis (Professor da UFPE), hoje destacados especialistas em Álgebra Comutativa.
A atuação dos portugueses no Recife, começou a ter repercussão nos demais centros acadêmicos do Brasil, tendo os Professores Pereira Gomes e Morgado participado de Conselhos Diretores e Conselhos Consultivos de vários desses centros. O Professor Ruy Luís Gomes foi contratado pela UFPE em 1962, após ter permanecido quatro anos na Universidade Nacional del Sur em Bahia Blanca, Argentina, onde conviveu com o seu antigo companheiro da Universidade do Porto, Professor Antonio Monteiro. A sua presença no Recife por 12 anos e 2 meses, teve uma importância decisiva para o IFM e para os futuros Departamentos de Matemática e de Física (criados em 1968 com a Reforma Universitária) que sucederam respectivamente às Seções de Matemática e de Física do antigo IFM.
(II) Início das atividades de pesquisa e criação do Curso de Mestrado em Matemática
As atividades de pesquisa em Matemática realizadas na UFPE tiveram seu início em 1954, quando foi fundado o IFM, atualmente desmembrado em Departamentos de Física e de Matemática. Desde esta época vale ressaltar a contribuição recebida de matemáticos europeus, americanos e brasileiros que aqui estiveram contratados, ou como visitantes, ou como conferencistas.
Em 1957 foi criada pelo professor Alfredo Pereira Gomes a primeira das coleções científicas aqui editadas: a coleção “Textos de Matemática”. Com vários títulos publicados, sua importância pode ser comprovada com a publicação posterior de alguns destes títulos por grandes editoras científicas internacionais. Por exemplo, o volume no. 4 desta coleção, “Differentiable Manifolds’’, por S.S.Chern, foi publicado simultaneamente em 1959 pela University of Chicago; o volume no. 7, Integral de Haar, de L. Nachbin, foi traduzido para o inglês e publicado em 1965 pela editora Van Nostrand (EUA).
Em 1965, devido ao progressivo aumento das pesquisas por membros da instituição, foi fundada, pelos professores Ruy Luís Gomes e José Morgado, a coleção “Notas e Comunicações de Matemática”. Esta coleção destina-se a colocar à disposição imediata de especialistas, resultados de pesquisas realizadas e submetidas à publicação por periódicos de nível internacional. Conta com mais de setenta e três títulos publicados.
A Faculdade de Filosofia da UFPE objetivou formar, em Matemática, além de elementos que se dedicarão ao magistério secundário e a outras atividades técnico-científicas, outros que se dedicarão à pesquisa e ao ensino superior. Para atender àqueles que se dedicarão ao ensino superior e à pesquisa se faz necessário criar oficialmente dentro do Instituto de Matemática da Universidade Federal de Pernambuco cursos regulares de pós-graduação com vistas ao doutoramento e à pesquisa em Matemática Pura e Aplicada, tanto mais quanto é norma da Universidade incluir nos contratos dos iniciantes na carreira de magistério superior, cláusula que obriguem a fazer o Mestrado, caso exista, na sua especialidade. O Mestrado constitui, pois, parte do programa prioritário de aperfeiçoamento do pessoal docente da Universidade.
CONSTITUIÇÃO DO MESTRADO EM MATEMÁTICA.
A UFPE, prosseguindo no seu programa de aperfeiçoamento de pessoal docente, resolveu instituir a partir de 1967, o Curso de Pós-Graduação em Matemática, com a finalidade de conceder inicialmente o Grau de Mestre e futuramente o Grau de Doutor.
Para cumprir tal programação, o Instituto de Matemática atenderá não somente a professores da Universidade Federal de Pernambuco, como também admitirá alunos de Pós-Graduação na qualidade de estagiários, os quais poderão contar com a ajuda da Universidade através do Instituto, além de aceitar créditos de candidatos fornecidos por outras instituições onde funciona o mestrado, como por exemplo, do IMPA.
O grau de Mestre será concedido ao candidato que: 01) obtiver aproveitamento em oito cursos; e 02) obtiver um crédito de seminário, sobre assunto expressamente escolhido pelo orientador, ou redija uma tese de caráter expositório, de sistematização de um tópico de Matemática feita sob a orientação do mesmo, que venha a ser aprovada pelo Instituto.
O início efetivo do Curso de Mestrado, em 1968, tornou-se realidade em virtude do grande interesse e dedicação da Direção do Instituto que promoveu o regresso dos Estados Unidos do Professor Fernando Cardoso, recém-doutor pela New York University, obtendo sua contratação exclusiva para o Instituto de Matemática, contando com a compreensão do Magnífico Reitor Murilo de Barros Guimarães. O Professor Fernando Cardoso ficou encarregado da Coordenação do Curso de Mestrado em Matemática, além de ministrar aulas de sua especialidade.
O quadro docente do Instituto de Matemática era composto pelas professoras: Deise Ferreira Wanderley, Geraldina França Ribeiro, Ivandete Barboza de Araujo, Maria Eulália Bezerra Coutinho e Maria Helena V. de Novais, além dos professores: Aron Simis, Fernando A. F. Cardoso da Silva, José Cardoso Morgado Jr, Manuel Augusto Zaluar Nunes, Pe. Alberto Dou, Roberto Figueiredo Ramalho de Azevedo e Ruy Luis Gomes, entre outros
O IFM, dentro do seu programa de intercâmbio científico, já havia enviado quatro professores para o exterior a fim de obterem o grau de Doutor em Matemática (PhD):
– Manfredo Perdigão do Carmo, doutorado em Berkeley, Califórnia, em Geometria Diferencial;
– Wolmer Verçosa Vasconcelos, doutorado na Universidade de Chicago, em Álgebra;
– Roberto Ramalho de Azevedo, doutoramento na Universidade de Nova York, Instituto Courant, em Equações Diferenciais Parciais;
– Fernando Antonio Figueiredo Cardoso da Silva, doutoramento na Universidade de Nova York, Instituto Courant, em Análise.
(III) Criação do Curso de Doutorado em Matemática e seu desenvolvimento até os dias atuais
Em 1984, concomitantemente à inauguração das novas instalações físicas do Departamento de Matemática (DMat), que passou a ter sede em prédio próprio, e num ambiente científico propício, foi criado o curso de doutorado em Matemática.
A seguir destacamos alguns períodos e fatos ocorridos no interstício desde a criação do curso Mestrado até o início do curso de Doutorado, bem como nos anos que se seguiram, atravessando as décadas a partir de 1970 até o presente.
O desenvolvimento continuado das pesquisas no Departamento de Matemática culminou, como explicado acima, com a criação, em 1967, do Curso de Mestrado. Vale salientar que na época havia pouquíssimos programas de Pós-Graduação em Matemática no país (na verdade, só no Rio de Janeiro e em São Paulo). Destacamos que foi um dos poucos PPGs de ponta, muito antes da Física ou Química ou qualquer outro Programa da UFPE.
Por ocasião do 7º Colóquio Brasileiro de Matemática, em 24 de julho de 1969, em Poços de Caldas, realizou-se a sessão de fundação da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). O Professor Fernando Cardoso foi eleito para o Conselho Diretor em 25 de agosto de 1969, e coube aos Professores Maurício Peixoto (IMPA) e Roberto Ramalho de Azevedo (UFPE) organizar uma das primeiras reuniões da SBM, no Recife, em janeiro ou fevereiro de 1970. Observamos que o PPGDMat foi o único programa do país (além do IMPA e USP) que sediou a diretoria da SBM.
Em 1970 criou-se a coleção “Notas de Curso”, reunindo textos de cursos em nível de pós-graduação. Em 1972 foi aqui realizado um simpósio internacional, intitulado “Functional Analysis and Applications”. Patrocinado pela Sociedade Brasileira de Matemática, o evento contou com o apoio financeiro dos seguintes organismos: Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (FAPESP), Universidade Federal de Pernambuco e Organização dos Estados Americanos (OEA). Este simpósio reuniu mais de oitenta participantes de doze países e suas atas estão publicadas pela editora Springer na coleção. “Lecture Notes in Mathematics”, no. 384, com exceção de um texto, “An introduction to Pseudo-differential Operators and Fourier Integral Operators”, de François Treves, publicado separadamente pela Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco. Vale a pena evidenciar especificamente que as atividades de pesquisa continuaram sendo realizadas, com muito vigor, por professores efetivos do Corpo Docente da Pós-Graduação em Matemática da UFPE. Por exemplo, vinte e seis trabalhos de pesquisa foram publicados no período 1971-1974.
Em 1976, foi iniciada mais uma coleção: “Teses de Mestrado”, destinando-se à divulgação das monografias produzidas pelos estudantes do Mestrado com vistas à obtenção do grau de Mestre. Deve ser mencionado aqui o volume de livros, folhetos e periódicos que recebemos, anualmente, por permuta com nossas coleções: durante o ano de 1976, foram recebidos 147 títulos de periódicos e 257 livros e folhetos provenientes de cerca de 107 instituições nacionais e internacionais de pesquisa matemática, disseminadas por 25 países e 12 estados brasileiros.
Vários professores conferencistas foram aqui recebidos anualmente. Não raramente este contato resultou numa contribuição às pesquisas aqui desenvolvidas. Neste mesmo ano de 1976, por exemplo, recebemos nove visitantes conferencistas. Além desses professores conferencistas, muitos outros professores visitantes têm sido contratados, por períodos que variam de dois a cinco meses, para ministrar cursos e seminários em nossa instituição. Ainda em 1976 estiveram aqui sete professores contratados nessas condições.
O citado ano de 1976 foi marcado ainda pela contratação do professor Israel Vainsencher, eminente especialista em Geometria Algébrica, que à época retornava do MIT, onde obtivera o grau de Doutor. O professor Israel permaneceu em Recife até aposentar-se em 2003, e nos seus vinte e oito anos de docência muito contribuiu para que a Pós-Graduação em Matemática da UFPE atingisse um novo patamar de liderança tanto na região quanto no próprio país. Em sua atuação enquanto membro do PPGDMat destacamos influentes publicações em periódicos renomados, três livros publicados, sendo um deles em co-autoria com Joachim Cristian Kock, matemático dinamarquês que doutorou-se no PPGDMat em 2000 sob a orientação do professor Israel, e orientações de matemáticos que futuramente desempenharam importante papel na pesquisa e no ensino das IES onde viriam a ser contratados. Citamos Jacqueline Fabiola Rojas Arancibia, Fernando Xavier e Dan Avritzer, os dois primeiros hoje na UFPB, e o terceiro na UFMG, todos atuantes geômetras algébricos. Em 2009, concluiu o Doutorado com o professor Israel o atual professor da UFPE André Meireles Araújo. No ano de 1996, o professor Israel tornou-se membro associado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), vindo a ser promovido a membro titular dois anos depois, e em 2002, foi agraciado com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, chancelada Ministério da Ciência e Tecnologia, no grau Comendador.
Na década de 1970 formaram-se em Recife importantes matemáticos brasileiros. Destacamos o professor Frederico José Vasconcelos Xavier, hoje professor emérito da University of Notre Dame, nos EUA, que graduou-se no Bacharelado em 1971 e concluiu o Mestrado em 1973. Por influência de Leopoldo Nachbin, foi para a University of Rochester, EUA, onde obteve o doutorado em 1977, sendo suas áreas de pesquisa a Geometria Diferencial e a Análise Geométrica. Enquanto professor do DMat, em 1980 publicou célebre trabalho sobre superfícies mínimas no Annals of Mathematics em co-autoria com o professor Luquésio de Melo Jorge, da UFC, seguindo-se outra relevante publicação, também no Annals of Mathematics, em 1981, intitulada “The Gauss map of complete minimal surface cannot omit 7 points of the sphere”. Neste mesmo ano de 1981 tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Ainda em Recife, durante a década de 1970, concluíram o mestrado os professores Francisco Fortes de Brito e Mauriso Alves da Silva, que se doutoraram pela University of Rochester, José Ruidival Soares Santos Filho, que por influência do professor Ruy Luiz Gomes foi para o MIT e lá realizou o doutorado sob a orientação de Victor Guillemin, Sóstenes Luiz Soares Lins, doutor pela University of Waterloo (Canadá), que veio a se tornar um dos mais importantes membros do PPGDMat, Paulo Figueiredo Lima, doutor pela Brown University sob a orientação de Jack Hale, Marcus Vinícius Medeiros Wanderley, doutor pela Université de Montpellier II (França), cuja tese, intitulada “Théorie axiomatique de l’orientation des variétés topologiques à bord” foi escrita sob a orientação de Alexander Grothendieck, entre vários outros mestres formados no PPGDMat. Dos citados, todos tornaram-se professores da UFPE, vindo o professor José Ruidival a transferir-se em 1998 para a Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.
Outro importante matemático cujo Bacharelado e Mestrado (sob a orientação do professor José Morgado) foram concluídos na UFPE foi o professor Sóstenes Lins, reconhecida liderança nas áreas de Combinatória e Otimização. O professor Sóstenes obteve o grau de Doutor na University of Waterloo, em 1980, ano em que retornou ao Recife para reassumir o cargo de professor do DMat, onde já era docente desde 1974. Sua proveitosa colaboração com Louis Kauffman, professor da University of Illinois at Chicago e célebre especialista da Teoria dos Nós, levou à descoberta de um invariante topológico na teoria das 3-variedades conhecido como invariante de Kauffman-Lins . O livro “Temperley-Lieb Recoupling Theory and Invariants of 3-Manifolds” (AM-134), Vol. 134 da série Annals of Mathematical Studies, foi publicado pelos professores Kauffman e Lins em 1994. Entre seus orientandos de Mestrado, destacamos os professores Cleide Soares Martins e Manoel José Machado Soares Lemos (Manoel Lemos), do quadro atual do DMat, graduados respectivamente em 1989 e 1984. Ambos professores vieram a realizar o Doutorado no Reino Unido, as respectivas instituições sendo a University of London e a University of Oxford. Em 2001, o professor Sóstenes tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
No ano de 1988, Manoel Lemos retornou à UFPE, onde assumiu o cargo de professor adjunto. Desde então vem exercendo liderança na sua área de pesquisa, Combinatória, mais especificamente problemas na teoria de Matróides. De 1995 a 1996 realizou proveitoso pós-doutorado sob a supervisão de James Oxley, Boyd Professor of Mathematics at Louisiana State University e renomada autoridade em Matróides, rendendo uma fértil colaboração que resultou numa dezena de artigos científicos. Sua relevante contribuição para a Matemática brasileira foi reconhecida em 2010 com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, grau Comendador. Atualmente o professor Manoel Lemos é Professor Titular do Departamento de Matemática da UFPE, e, como membro permanente do PPGDMat, continua atuante em pesquisa e orientações. Entre seus ex-orientandos destacamos o professor Gabriel de Morais Coutinho, que após concluir o mestrado na UFPE, realizou doutorado em Combinatória na renomada University of Waterloo, Canadá, posteriormente vindo a integrar o quadro docente do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Em 1977, a UFPE contratava a professora Maria Luiza Soares Leite, pesquisadora da área de Geometria Diferencial, egressa do curso de Engenharia Elétrica da UFPE, com bacharelado na PUC-Rio, mestrado no IMPA, e doutorado no MIT, onde foi orientada pelo famoso geômetra Isadore Singer. A professora Maria Luíza trouxe importantes contribuições para a área de Geometria do PPGDMat. Realizou profícua colaboração com a professora Isabel Dotti, proveniente de Córdoba (Argentina), e doutora pela Rutgers University (1976), que no período de 1977 a 1980 foi professora do Departamento de Matemática da UFPE, com destaque para publicação de artigo no Journal of Differential Geometry em 1982. Salientamos que nesta época também foi docente do DMat o professor Roberto Miatello, marido da professora Isabel Dotti e especialista em Grupos de Lie, posteriormente transferindo-se o casal para a Universidad Nacional de Córdoba. O professor Miatello foi o orientador de Mestrado da então já professora do DMat Astréa Barreto, cuja dissertação versou sobre formas automorfas e foi defendida em 1981. A professora Astréa se transferiria da UFPE para o Instituto de Matemática da UFRJ em 1987, juntamente com seu esposo, o professor Adilson Gonçalves.
A área de Álgebra do PPGDMat recebeu importante incentivo com a contratação em 1976 do renomado professor Adilson Gonçalves, proveniente da Universidade de Brasília, onde foi docente desde seu retorno da University of Chicago, após lá haver cursado o Mestrado e Doutorado. O professor Adilson pertenceu ao quadro de docentes do DMat até o ano de 1987, e nos onze anos em que aqui permaneceu realizou pesquisas em Grupos Finitos e Teoria de Representações, além de Geometria Finita, tendo também ocupado vários cargos administrativos, entre os quais a chefia do Departamento de Matemática (dois anos), a Coordenação do Pós-graduação (dois anos), e a vice-diretoria do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (três anos) da UFPE. De 1985 a 1987, foi Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Matemática, tendo a Presidência e Tesouraria da SBM sido ocupadas por dois outros membros do PPGDMat, respectivamente os professores Aron Simis e Israel Vainsencher. Em 1979, foi publicada a quinta edição do livro Introdução à Álgebra, pelo Projeto Euclides (IMPA), que até os nossos dias permanece referência muito usada nos cursos de bacharelado em Matemática em todo o país. Durante sua docência em Recife, o professor Adilson orientou sete dissertações de mestrado, tendo sido seus orientandos Severino Collier Coutinho (1982), Lenimar Nunes de Andrade (1985) e Roberto Callejas Bedregal (1985) . O professor Collier, que também fez a graduação em Matemática na UFPE, partiria para o doutorado na University of Leeds, de onde retornaria para assumir a docência no DMat em 1986, aqui permanecendo por dois anos, durante os quais realizou pesquisas em Álgebra Não-Comutativa. Neste período orientou a dissertação de Sérgio D’Amorim Santa Cruz, doutor pela University of Warwick e hoje docente do DMat. Lenimar N. Andrade, cuja graduação foi na UFPB, viria a concluir o doutorado em Engenharia Elétrica na UNICAMP e a retornar como professor à UFPB. Quanto ao professor Roberto Bedregal, licenciado pela Universidad de Valparaíso, Chile, realizou o Mestrado na UFPE de 1983 a 1985, e o doutorado no MIT, EUA, de 1986 a 1990, vindo a atuar logo em seguida no DMat como professor visitante até 1995, e transferindo-se para a UFPB onde estabeleceu-se como importante pesquisador em Álgebra Comutativa, Geometria Algébrica e Teoria de Singularidades. Em nota de pesar, lamentavelmente em 2021 faleceu Bedregal, como era carinhosamente conhecido por colegas de profissão e amigos, aos 62 anos de idade.
Ainda na década de 1980, mais precisamente de 1981 a 1989, passou a integrar o corpo docente do DMat uma das principais lideranças da Álgebra brasileira, o professor Aron Simis. Tendo concluído sua Graduação em Recife em 1963, e obtido os graus de Mestre e Doutor pela Queen’s University (Canadá), onde foi orientado pelo célebre matemático pernambucano Paulo Ribenboim, o professor Aron foi pesquisador titular do IMPA até o ano de seu retorno à UFPE. Em 1989, transferir-se-ia para Universidade Federal da Bahia, onde permaneceu até 1997, ano em que retornou ao Departamento de Matemática da UFPE e ao PPGDMat, do qual é membro permanente até os dias atuais. Entre seus vários títulos e prêmios, citamos que desde 1978 é membro titular da Academia Brasileira de Ciências, e, em 1993, tornou-se membro titular da Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento (TWAS). Foi agraciado com duas medalhas da Ordem Nacional do Mérito Científico, grau Comendador (2002) e Grã-Cruz (2006). Suas publicações são muito expressivas, incluindo, além de uma quase centena de artigos científicos, nove livros até o presente. Entre os eventos que organizou, em colaboração com o então professor do DMat-UFPE, Francesco Russo, além dos professores Arnaldo Garcia e Eduardo Esteves, do IMPA, mencionamos o ALGA – Sixth Meeting of the Brazilian Excellence Group on Commutative Algebra and Algebraic Geometry, ocorrido em 2004, e o Commutative Algebra and its connections to Geometry – Homenagem a Wolmer Vasconcelos, que se deu em Olinda, em 2009. Recordamos que o pernambucano Wolmer Vasconcelos fora docente do Instituto de Física e Matemática nos anos 1960, colega de Aron Simis nos tempos de estudante de iniciação científica sob a orientação do professor José Morgado, e ao longo das décadas tornou-se importante colaborador científico do professor Aron. Entre os projetos de pesquisa do qual é recipiente, há um apoiado pela National Science Foundation (NSF), dos EUA, e o histórico de colaborações científicas do professor Aron Simis se estende a numerosos países, entre os mais destacados os EUA, a Itália, a Espanha, a França, o México e o Vietnam. Os professores Kalasas Vasconcelos de Araujo, Zaqueu Alves Ramos e André Vinicius Santos Doria, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o professor Cleto Brasileiro Miranda Neto, atualmente na UFPB, e a professora Maral Mostafazadehfard, da UFRJ, estão entre os doutores orientados pelo professor Aron Simis na UFPE. Vários outros mestres e doutores foram formados pelo professor Aron, evidenciando sua importância e, a fortiori, do PPGDMat, para a formação de competências na área de Álgebra em instituições como a UFS e a UFPB.
Um período de grande relevância para o Programa de Pós-Graduação em Matemática da UFPE foi de meados dos anos 1990 até aproximadamente 2005, quando formou-se um ativo grupo de Álgebra Comutativa e Geometria Algébrica. Entre os membros deste grupo estavam os professores Aron Simis (egresso da UFBA) e Israel Vainsencher, os italianos Francesco Russo e Letterio Gatto, e a professora Elizabeth Gasparim. Na época o PPGDMat obteve sua melhor avaliação pela CAPES, conceito 6 no triênio 1998-2000. Entre os discentes formados pelo grupo citamos Abbas Nasrollah Nejad, hoje pesquisador no Institute for Advanced Studies in Basic Sciences, Irã. Posteriormente, nos anos de 2010 a 2012, o hoje professor do Instituto de Matemática da UFRJ, Hamid Hassanzadeh, realizou um pós-doutorado sob a supervisão do professor Aron Simis, vindo a se tornar docente do DMat de 2012 a 2014, antes de sua saída para a UFRJ.
No ano de 1976, foi contratado o professor Hildeberto Eulalio Cabral, pesquisador da área de Sistemas Dinâmicos Hamiltonianos, e em especial, Mecânica Celeste. Por mais de uma década, com início em 1992, visitaram o Departamento de Matemática da UFPE, a convite do grupo de Mecânica Celeste liderado pelo professor Hildeberto, os seguintes pesquisadores que aqui estiveram uma ou mais vezes, ministrando cursos, proferindo palestras e participando de projetos conjuntos de pesquisa: Donald Saari (Northwestern University), Kenneth Meyer (University of Cincinnati), Zhihong Xia (Georgia Institute of Technology), Alain Albouy (Bureau des Longitudes), Francesco Fasso (Università di Padova), Clark Robinson (Northwestern University), Ernesto Lacomba-Zamora (UAM, México), Daniel Offin (Queen’s University), Alain Chenciner (Bureau des Longitudes), Konstantin Mischaikov (Georgia Institute of Technology), David Sauzin (Bureau des Longitudes), Jean-Pierre Marco (Université Paris 7), Mark Levy (Pennsylvania State Univ), Richard Montgomery (UC Santa Cruz), Jaume Llibre (Universitat Autònoma de Barcelona), Michel Herman (École Polytechnique), Florin Diacu (University of Victoria) e Christopher McCord (University of Cincinnati). Além destes, foram importantes na consolidação das pesquisas em Mecânica Celeste os brasileiros: Sylvio Ferraz Mello (IAG-USP), Clodoaldo Ragazzo (IME-USP), Hildebrando Muñoz, Plácido Taboas e Luiz Vieira (USP-São Carlos), Roberto Martins (Observatório Nacional), Waldir Muniz Oliva (USP), Jair Koiller e Teresa Stuchi (UFRJ). Como um dos marcos deste intenso intercâmbio científico, foi publicada no ano de 2002 a obra “Classical and Celestial Mechanics, The Recife Lectures”, uma coletânea de notas de minicursos ministrados por nove dos principais visitantes brasileiros e estrangeiros ao Departamento de Matemática. A publicação foi pela Princeton University Press, e foi editada pelos professores Hildeberto Cabral, do PPGDMat, e Florin Diacu, da University of Victoria, Canadá, e diretor à época do Pacific Institute for the Mathematical Sciences (PIMS).
Entre os discentes que concluíram o mestrado e o doutorado em Mecânica Celeste neste período está o professor José Cláudio Vidal Diaz, conhecido pesquisador na área, que foi docente do DMat até 2005 e hoje é docente da Universidad del Bío-Bío, no Chile. Citamos também o professor Marcelo Domingos Marchesin, atualmente na UFMG. O professor Eduardo Leandro foi orientado no mestrado pelos professores Hildeberto Cabral e Alain Albouy, do Bureau des Longitudes, e realizou o doutorado na University of Minnesota sob a supervisão de Richard Moeckel, reconhecido pesquisador da escola formada por Charles Conley, tendo retornado ao DMat como docente em 2002.
Em fevereiro de 2005, ocorreu no Recife o evento internacional Matemairacorana, que durante quatro semanas congregou vários pesquisadores da área de Mecânica Celeste, reunidos para uma estadia mais prolongada que a usual num ambiente propício para a cooperação científica. Vários frutos deste evento são hoje observados nas palestras proferidas por diversos pesquisadores participantes do Matemairacorana II, que homenageia o professor Hildeberto Cabral por ocasião dos seus oitenta anos, completados em novembro de 2020. O Matemairacorana II vem se realizando de maneira remota semanalmente desde o final de novembro de 2020, com destaque para a participação de pesquisadores das três Américas, Ásia e Europa, e para o comitê organizador, formado por vários egressos do PPGDMat, entre os quais Anete Soares Cavalcanti, Marcelo Pedro dos Santos e Thiago Dias de Oliveira, hoje professores da Universidade Federal Rural de Pernambuco, bem como Lúcia de Fátima Brandão e Gerson Cruz Araújo, professores da UFS.
Concluiremos com um sumário histórico da área de Análise, sobretudo EDPs. Em 1968, como já citado, a UFPE contratou o professor Fernando Cardoso, que ao longo dos anos que se seguiram contribuiu de maneira fundamental para o desenvolvimento da Matemática no nordeste brasileiro. Assumiu um papel de liderança não só acadêmica como política, colaborando para que a UFPE fosse considerada no âmbito nacional como uns dos principais centros de excelência em pesquisa matemática. Em sua atuação, sempre buscou nortear-se pelos nobres ideais aprendidos dos antigos professores portugueses, fundadores do Instituto de Matemática do Recife. Foi membro do CTC do IMPA durante anos, pesquisador 1A do CNPq durante 35 anos, membro titular da ABC desde 1977 e, em 2008, foi agraciado com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, grau Comendador, terceiro dos quatro membros do PPGDMat a receber esta importante distinção. Participante ativo da implantação do doutorado em 1984, em 1986, o professor Fernando Cardoso formou o primeiro doutor do programa, o professor Ramón Mendoza Ahumada. Posteriormente veio a orientar a tese do atual docente da UFPE e produtivo membro do PPGDMat, professor Cláudio Rodrigo Cuevas Henriquez. Destaca-se também na carreira profissional de Fernando Cardoso a sua contribuição na divulgação de produção científica nos meios acadêmicos através da coleção Notas de Curso (algumas delas publicadas posteriormente em grandes editoras), bem como a realização de eventos internacionais de grande porte, posicionando Recife num lugar de destaque no circuito científico internacional. Em 2002, formou-se o grupo de pesquisa em Equações Funcionais, com a intenção de desenvolver novas linhas de pesquisa no PPGDMat. Recebendo a colaboração de diversos pesquisadores estrangeiros que regularmente visitaram o DMat por quase duas décadas, a fim de firmar a área de Equações de Evolução, esta iniciativa resultou muito proveitosa para os estudantes interessados. Graças à rede estabelecida pelo grupo de Equações Funcionais, intensificou-se o ritmo de formação bem como a qualidade dos formandos, com notável mobilidade discente através da participação regular em eventos científicos, produção de publicações em revistas de circulação internacional, sendo algumas em colaboração com pesquisadores estrangeiros. Em 2003 se formou o primeiro doutor do grupo, e até a presente data se formaram 14. Uma estimativa aproximada aponta que o volume das publicações dos formandos do grupo supera os 70 artigos. O grupo tem recebido a visita de pesquisadores nacionais e estrangeiros, provenientes de centros como a Universidad de Santiago de Chile, Universidad de La Frontera, Moscow State University, Université de Nantes, Universidade de Brasília e Universidade de São Paulo. Entre as produções do grupo, destaca-se um livro técnico em inglês editado pela Springer, em 2014. O impacto robusto na comunidade internacional refletiu-se nos dados da Sci Val Spotlight Elsevier, segundo os quais, no período 2007-2011, a produção desta escola ocupou o segundo lugar no Brasil e o quinto no exterior no ranking feito pela Elsevier. Os atuais líderes do grupo de Equações Funcionais são os professores Cláudio Cuevas e Bruno Luis de Andrade Santos, mestre e doutor sob a orientação do professor Cuevas, e atualmente uma das lideranças da pós-graduação em Matemática da UFS. Em 2003, a UFPE e a Universidad de La Frontera (Chile), através de seus reitores, criaram a revista Cubo A Mathematical Journal, cujo corpo editorial já contou, entre outros, com os insígnes matemáticos Marcel Berger, Carlos Kenig, Michael Shub e Gang Tian.
Um grande destaque em Equações Diferenciais Parciais e Operadores Pseudo-diferenciais foi o professor Jorge Guillermo Hounie, que por 16 anos foi docente do DMat e membro do programa de pós-graduação. Doutor em Matemática pela Rutgers University em 1974, onde foi orientado por François Treves, o professor Jorge Hounie ingressou na UFPE em 1976 e fez parte da equipe que formulou o projeto do curso de Doutorado submetido à CAPES e posteriormente aprovado em 1984. Aqui orientou as teses de vários professores da UFPE, como Joaquim Tavares (1989), Paulo Roberto Santiago (1993) e Maria Eulalia Moraes Melo (1993), do professor da UFAL Eduardo Perdigão Lemos (1993), tendo o professor da UFSCar Pedro Luiz Aparecido Malagutti (1989) sido o primeiro doutor que formou. Entre os mestres que orientou, ressaltamos Antônio Correia de Sá Barreto Filho (1984), professor da Purdue University, EUA. Seu interesse pela área de Geometria Diferencial resultou em cinco publicações com a professora Maria Luiza Leite, contribuindo para a dinamização da área de Geometria no PPGDMat.
Em 1998, concluiu sua dissertação de mestrado sob a supervisão de Paulo Santiago o professor Pablo Gustavo Albuquerque Braz e Silva, que após o doutorado na University of New Mexico, em 2004 passou a integrar o quadro docente do DMat. Com ênfase em Mecânica dos Fluidos, a pesquisa do professor Pablo Braz e Silva traz diversidade ao histórico da Análise no PPGDMat, bem como contribui para a qualificação das pós-graduações da UFS e UFPE, formando ativos jovens pesquisadores como Wilberclay Gonçalves Melo e Felipe Wergete Cruz.
Finalmente destacamos pesquisas de caráter mais aplicado e grande interesse contemporâneo como a Epidemiologia Matemática, liderada pelo professor César Augusto Rodrigues Castilho, e Biologia Matemática, liderada pela professora Solange Fonseca Rutz. Por quase uma década, a área contou com a colaboração do professor Peter Louis Antonelli, marido da professora Solange e renomada autoridade em aplicações da Análise e da Geometria à Biologia.